terça-feira, 29 de maio de 2007

Momentos de Reflexão - Qual é o melhor tipo de escola para uma criança com Síndrome de Down?

Os pais, com justa razão, muitas vezes não sabem se o melhor é matriculá-los numa escola regular ou especial
Os pais de crianças com síndrome de Down se defrontam com alguns dilemas quando seus filhos atingem a idade de freqüentar a escola. Se questionam se devem ou não colocá-los numa escola e se essa escola deve ser regular ou especial. "A entrada dos filhos na escola, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental, representam momentos marcantes para seus pais", explica Fernanda Travassos Rodriguez, psicóloga, terapeuta de família e doutoranda em psicologia clínica na PUC do Rio de Janeiro. "Suscita temores ligados a adaptação e proteção", acrescenta.Momeg
Entretanto, é importante lembrar, esses dois momentos são distintos e geram ansiedades especificas. "Porém, sabe-se que quando a inclusão é bem feita, a socialização começa a se dar de maneira muito fluida", conta. Fernanda Travassos lembra que o nosso modelo de educação tem um padrão que não contribui muito para a inclusão. "Mas com freqüência percebemos boas experiências de inclusão em escolas consideradas ‘alternativas’, são as escolas construtivistas, a montessorianas, e outras", explica.
De acordo com a psicóloga, as duas opções apresentam lados positivos e negativos. Ela explica: "Se de um lado a criança portadora da síndrome de Down tem muito a ganhar em termos sócios afetivos permanecendo no ensino regular, na maioria das vezes, estas escolas têm poucas alternativas para oferecer a estes alunos na apreensão dos conteúdos em sala de aula. Em contraste, as escolas especiais que, cada vez mais são escassas, no entanto, foca-se mais no seu aprendizado formal, usando ferramentas adequadas para a sua aprendizagem".
Fernanda Travassos enfatiza que é no ensino fundamental, quando este é desenvolvido numa escola regular, que os problemas se tornam mais evidentes. "É que a partir do ensino fundamental, quando a criança deve apreender muitos novos conteúdos escolares e, na maioria das vezes, as turmas das escolas regulares são grandes, não permitindo que o professor de uma atenção especializada ao aluno".
Diante do exposto, a pergunta que se coloca é: por qual escola então optar?. Fernanda Travessos alerta que não existe uma "receita de bolo" para estes casos. Ela tem razão pois as crianças com síndrome de Down, assim como outra criança qualquer, são muito diferentes entre si, tanto acerca de sua personalidade quanto em relação aos diversos e variados interesses e habilidades. Esses aspectos devem ser considerados pelos pais na hora da fecharem sua decisão.
"Algumas vezes aconselhamos uma mescla destes modelos", diz a psicóloga. Porém, quando os pais não conseguem escolher e sentem um peso muito grande sobre a sua responsabilidade, argumentando de forma legítima que não são especialistas em educação, eles devem buscar um profissional qualificado da área de psicologia ou pedagogia para que os ajude a fazer essa opção de forma coerente com o seu modelo de família e levando em conta a singularidade de seu próprio filho. "Uma experiência exitosa para um amiguinho pode ser desastrosa para o seu próprio filho, visto que cada indivíduo portador ou não de síndrome de Down é única", ressalta Fernanda Travassos.

3 comentários:

Anônimo disse...

2. SÍNDROME DE DOWN
2.1. Evolução Histórica

Imensas interrogações são feitas sobre a origem do Síndrome de Down.
Terá surgido no início da humanidade ou apenas em tempos recentes?
Não existem respostas certas a essas questões, no entanto supõe-se que no decorrer da história biológica e da evolução da humanidade, imensas mutações de genes e modificações cromossómicas ocorreram. Muitas doenças genéticas conhecidas e desordens cromossómicas, como o Síndrome de Down ocorreram provavelmente em séculos e milénios anteriores (Pueschel, 1993).
Alguns investigadores acreditam que o Síndrome de Down tenha sido representada no passado em pictografias e esculturas esculpidas pela cultura Olmec, que viveu no México, entre 1500 AC e 300 DC. O registo antropológico mais antigo deriva de um crânio saxónico, datado do séc. VII, apresentando modificações estruturais, vistas geralmente em crianças com Síndrome de Down.
Sabe-se que também existiram tentativas de identificar crianças com Síndrome de Down em pinturas antigas. Pintores como Andrea Montegna, artista do séc. XV, pintou diversos quadros de Madonas com o Menino Jesus e representou-o com feições sugestivas do Síndrome de Down na pintura «Virgem e Criança».
Contudo, apesar dos registos históricos citados, nenhum relatório bem documentado sobre pessoas com Síndrome de Down foi publicado antes do séc. XIX.
A primeira descrição de uma criança que, presume-se, com Síndrome de Down foi fornecida por Jean Esquirol em 1838, e logo a seguir em 1846, Edouard Seguin descreveu um doente com feições que sugeriam Síndrome de Down, denominando a condição de «idiota furfurácea».
Foi em 1866 que John Langdon Down, médico inglês, publicou um trabalho no qual descreveu algumas características da Síndrome que hoje tem o seu nome. Down merece o crédito pela descrição das características clássicas desta condição, distinguindo essas crianças de outras com Deficiência Mental.
Pueschel (1993) considera ainda que Down foi influenciado pelo livro de Charles Darwin, “A Origem das Espécies”. De acordo com a teoria da evolução de Darwin, Down acreditava que a condição de Síndrome de Down era um retorno a um tipo racial mais primitivo. Reconhecendo nas crianças afectadas uma certa aparência oriental, Down criou o termo «Mongolismo» e intitulou-o inadequadamente de «idiolia Mongolóide». No entanto, tornando-se insultuoso e pejorativo. Em face da discordância quanto ao termo, considerado ofensivo tanto por pesquisadores orientais como por pais de pacientes no ocidente, bem como pela delegação da Mongólia junto à Organização Mundial de Saúde, a denominação de «mongolismo» foi excluída da revista “Lancet” em 1964, das publicações da OMS em 1965 e do “Index Medicus” em 1975. Hoje este termo é considerado arcaico, passando a usar-se o termo «Síndrome de Down».
Os progressos registados na área da biologia molecular permitiram que, em 1959, o professor Jerome Lejeune e seus colaboradores descobrissem o cromossoma 21 extra, responsável por este tipo de desordens de desenvolvimento. Lejeune foi considerado pai da genética moderna. Em 1960, foram descritos os primeiros casos de translocação por Polani e colaboradores e em 1961, o primeiro caso de mosaicismo por Clarke e colaboradores (Rynders 1986). Hoje sabe-se que a trissomia da parte distal do braço longo do cromossoma 21 (banda q22) é a responsável pela Síndrome.
Pela primeira vez no mundo se fez a separação entre um estádio de debilidade mental e uma aberração cromossómica. Sabe-se agora que o Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma alteração genética que ocorre por ocasião da formação do bebé, no início da gravidez.

2.2. Epidemiologia
O Síndrome de Down é a anomalia cromossomática mais comum nos seres humanos e que permite o desenvolvimento dos embriões. Encontra-se em todas as raças, grupos étnicos, classes sócio-económicas e nacionalidades (Stray-Gundersen, 2001).
O Síndrome de Down faz parte do grupo de acefalopatias não progressivas, isto é, à medida que o tempo passa não mostram acentuação da lentidão do desenvolvimento, nem o agente de doença se torna mais grave. A criança tenderá a melhorar porque o seu sistema nervoso central continua a amadurecer com o decorrer do tempo embora de forma mais lenta do que numa criança normal (Léfevre, 1981).
De todas as anomalias cromossomáticas, a Trissomia 21 é aquela em que se regista maior prevalência. Calcula-se que 1 em cada 800 a 1100 nados-vivos é afectado por ela. Nos Estados Unidos, anualmente nascem cerca de 5000 crianças com este problema genético. As instalações apontam para o facto de esta anomalia cromossomática afectar significativamente mais indivíduos do sexo masculino do que do sexo feminino (Nielsen, L. B. 1999).
O aumento da incidência com a idade das mães é bem conhecida. No entanto, a maioria das crianças são filhas de mães com menos de 30 anos. A explicação reside no facto de haver mais gravidez neste grupo etário do que no grupo com mais idade e, de se oferecer de um modo geral, o diagnóstico pré-natal às grávidas com mais de 35 anos (Léfevre, 1981).
A prevalência deste síndrome tende a aumentar devido à melhoria da expectativa de vida.

2.3. Etiologia Genética

2.3.1. O que é uma alteração genética?
O nosso corpo é composto por milhões de células, nas quais existem pequeníssimas estruturas, os cromossomas. Os cromossomas são estruturas compostas por ácido desoxirribonucleico (DNA) e tem forma de uma hélice dupla, uma escada composta de 4 degraus de 4 nucleotídeos (citosina, adenina, timina, guanina) e armazenam toda a informação necessária à reprodução e ao desenvolvimento da célula, informação esta que está codificada e armazenada em genes que são unidades básicas de informação do DNA.

Segundo Batshaw (1990):
Cada organismo tem um número fixo de cromossomas. Nos humanos, 46 cromossomas dirigem as actividades celulares. Excepto para a célula – ovo (o óvulo e o esperma), cada célula contém 23 pares de cromossomas complementares. Em cada par um cromossoma vem da mãe e outro vem do pai, perfazendo um total de 46 cromossomas em cada célula. Este número é chamado de diplóide. A célula – ovo, contêm 23 cromossomas, ou seja, metade do número diplóide; este número é chamado de laplóide. (p. 4)






Fig. 2.1 - Estrutura de DNA




A divisão celular

A formação de um ser humano dá-se principalmente através de dois tipos de divisão celular: a mitose e a meiose.

Mitose:
A mitose ocorre em 4 etapas: a prófase, a métafase, a anafase e a télofase. Por este método, uma célula divide-se em duas que terão o mesmo número (46) e tipo de cromossomas que a célula progenitora. Em consequência deste processo é que dá o crescimento do corpo.

Meiose:
A meiose é um processo bastante complicado que a mitose e está mais frequentemente associado às anormalidades.
A meiose somente ocorre com as células germinativas. Durante a fertilização, os 23 cromossomas de cada uma das duas células do esperma e do óvulo combinam-se, de que resulta o embrião com um número diplóide de cromossomas (46).


Fig. 2.2 - Cariótipo de Cromossomas Normais

Erros da divisão celulares

Muitas anomalias genéticas são resultantes de erros no processo de divisão celular, sendo uma dessas anomalias designadas por “Síndrome de Down”.
As características clínicas do SD, são causadas pela presença material extra genético do cromossoma 21 em cada célula de pessoa afectada, sendo por este motivo conhecido por um distúrbio genético.
Um dos eventos causadores é: a não disjunção que acontece mais frequentemente durante a meiose do que durante a mitose; por razões ainda desconhecidas, muito embora o envelhecimento do material genético, particularmente dos óvulos (fenómeno em directa relação com a idade da mãe), seja um factor unanimemente aceite como principal responsável, um par de homólogos poderá não dividir-se dando origem a duas células, uma com 22 e outra com 24 cromossomas (Batshaw, 1990).

2.3.2. Definição e Tipos de Síndrome de Down

Ao debruçar-nos sobre o estudo dos diferentes géneros de Síndrome de Down, encontramos vários autores que os classificam em três tipos diferentes, variando conforme a distribuição cromossomática, no momento da concepção do indivíduo.
A determinação do tipo ou modalidade de Síndrome de Down existente, fez-se através de um estudo genético da organização cromossomática chamado cariótipo.
Em conformidade com Batshaw (1990) e Sampedro, Blasco e Hernández (1997), podem-se considerar três tipos de Síndrome de Down, a saber:

Trissomia 21

Este é o caso mais frequente. Cerca de 90% das pessoas com SD têm o tipo Trissomia 21. Neste caso, o erro de distribuição dos cromossomas está presente antes da fertilização (produz-se durante o desenvolvimento do óvulo ou do espermatozóide), ou na primeira divisão celular.
Este tipo de trissomia é explicado pela presença de um cromossoma extra do par 21, em todas as células devido à ocorrência da não disjunção dos cromossomas na divisão celular (meiose). O cromossoma extra é uma cópia completa do cromossoma 21. É uma terceira cópia que está presente em adição ao par de cromossomas 21 normais, resultando em 24 cromossomas. Isto significa que o indivíduo afectado tem 47 cromossomas em cada célula do organismo, tornando todas as células idênticas.
Uma vez que o cromossoma 21 não é um cromossoma sexual o Síndrome de Down, pode ser encontrado igualmente entre indivíduos do sexo masculino e feminino.

Fig. 2.3 - Esquema exemplificativo de Trissomia 21 – não disjuntiva

O Mosaicismo

Neste caso, o erro de distribuição dos cromossomas produz-se na 2ª ou 3ª divisões celulares. O momento em que se vai produzir a divisão defeituosa é que vai determinar as consequências da divisão do embrião.
O resultado é que há poucas células com um cromossoma adicional ou em falta, as restantes são normais. As células com 45 cromossomas geralmente morrem enquanto aquelas que têm 46 ou 47 sobrevivem e multiplicam-se.
Quanto mais tarde for, menos células serão afectadas pela trissomia (o par 21 será portador de células normais e trissómicas). A incidência da trissomia em mosaico é aproximadamente 5%. É possível que muitos indivíduos portadores deste mosaicismo passem despercebidos. Os riscos destes portadores conceberem crianças trissómicas é elevado, já que a identificação precoce (ao nascimento) pelos sinais invariantes, é pouco provável, sendo muitas vezes detectado somente depois de terem tido uma criança afectada.

Fig. 2.4 - Esquema exemplificativo de Mosaicismo
Translocação

A translocação pode acontecer no momento da formação do espermatozóide ou do óvulo, ou ainda no momento em que se produz a 1ª divisão celular.
Alguns dos casos de Síndrome de Down cerca de 3%, são causados pelas translocações.
Caracteriza-se por a totalidade ou uma parte de um cromossoma se transferir para outro completamente diferente. Os cromossomas mais frequentemente afectados por esta anomalia são os grupos 13-15 e 21-22. Neste caso, o pai ou a mãe são pessoas normais, mas as suas células possuem apenas 45 cromossomas, equivalendo o cromossoma de translocação a dois cromossomas normais. Será de extrema importância que se faça uma análise cromossómica – cariótipo, já que há a possibilidade de ter outro filho afectado.


Fig. 2.5 - Cariótipo de pessoa com Translocação


2.4. Causas Possíveis de Síndrome de Down
Partilhando a opinião de Sampedro, Blasco e Hernández (1997):

«É muito difícil determinar os factores responsáveis, e parece que todos os especialistas estão de acordo em que existe uma multiplicidade de factores etiológicos (parte da medicina que estuda as causas das doenças) que interactuam entre si, dando lugar à Trissomia; contudo, desconhecemos exactamente a maneira como se relacionam... Não se pode interpretar como uma relação directa de causa - efeito.» (p.228)

No entanto, segundo os mesmos autores, existem alguns factores já determinados tais como:
Factores hereditários (apontam cerca de 4%)
• Mãe afectada pelo síndrome;
• Famílias com várias crianças afectadas;
• Casos de translocação num dos pais;
• Casos em que existe a possibilidade de um deles, com aparência normal, possua uma estrutura cromossómica em mosaico, com maior incidência de células normais.

Factores Etiológicos
• Maior incidência quando a idade da mãe é superior a 40 anos;
• Interacção de diferentes factores que podem actuar de várias formas no envelhecimento normal do processo reprodutor feminino;
• Índice elevado de imunoglubina e de tiroglubina no sangue materno, acontecendo que o aumento de anticorpos está associado ao avanço da idade da mãe.

Factores Externos
• Processos infecciosos (os agentes víricos mais significativos são os da hepatite e da rubéola).

Exposição e Radiações
• Podem causar alterações anos antes da fecundação;
• Alguns agentes químicos que podem determinar mutações genéticas tais como um alto conteúdo de flúor na água e a poluição atmosférica;
• Outros autores são da opinião que a causa pode residir também em problemas da tiróide da mãe.

Deficiências Vitamínicas
• Uma hipovitaminose pode favorecer o aparecimento de uma alteração genética.

2.5. Aspectos Preventivos
2.5.1 Diagnóstico Pré-Natal
O ideal de uma gravidez é o nascimento de uma criança saudável, para grande satisfação dos pais, da família e da comunidade. Há, infelizmente, alguns (bebés) que nascem com anomalias, sem que, na sua grande maioria, haja nos seus pais ou familiares directos, qualquer factor de risco, que possa fazer suspeitar desse tipo de situação.
O Síndrome de Down não é uma doença curável, segundo Sampedro, Blasco e Hernández (1997) há três aspectos fundamentais para uma prevenção eficaz:
a) Idade da mãe – Sabemos que a partir dos 35 anos a mulher tem maior possibilidade de conceber um filho afectado pelo síndrome. A melhor medida preventiva seria, pois, que a população em geral e, particularmente, as potenciais mães, fossem informadas acerca do risco que correm;
b) Aconselhamento genético – O estudo genético pode advertir os pais sobre o risco estatístico de ter um filho com Síndrome de Down. É uma prática pouco expandida, quase limitada aos pais que têm algum filho deficiente. A análise cromossómica não é traumatizante e é fundamental que seja feita aos pais e irmãos de uma criança com Síndrome de Down;
c) Amniocentese – É um método relativamente novo de diagnóstico precoce do Síndrome (antes do nascimento). Consiste em extrair líquido amniótico entre a 14ª e 19ª semanas de gravidez, por meio de uma punção com anestesia local. Extraem-se 15a 20 ml de líquido e, após cultura de células em laboratório durante 10 a 21 dias, pode-se fazer uma análise cromossómica ou cariótipo, descobrindo-se se o feto apresenta, ou não uma trissomia. Presentemente a amniocentese só está a ser aconselhada: quando a idade da mãe é superior a 35/40 anos; se numa família existe um membro afectado pelo síndrome; caso algum dos pais seja portador de uma trissomia por translocação;
d) O método realizado sob controlo de ultra-sons para localizar correctamente a placenta e o feto, apresenta-se como uma técnica fiável e de importantíssimo valor diagnóstico;
e) O uso de rastreio sorológico (medição da alfafetoproteína, a HGG e o estriol) às 16 semanas de gravidez é agora uma rotina em alguns países. Isto permite a detecção de elevada percentagem (66% segundo alguns autores) das Trissomias 21, com uma taxa de falsos positivos de 5%.



2.5.2. Diagnostico Pós-Natal

De acordo com o Centro Nacional de Informação para Crianças e Jovens com NEE, os sinais clínicos associados à Trissomia 21 são superiores a 50, sendo, porém, raro encontrá-los todos, ou mesmo a sua maior parte, reunidos num só indivíduo. Entre algumas das características mais comuns, incluem-se as seguintes:

a) A cabeça é mais pequena do que a de uma criança normal. A parte posterior é ligeiramente achatada achatada (braquicefalia). As fontanelas são maiores que o normal e levam mais tempo a fechar. Algumas crianças possuem falhas de cabelo ou pode ter caído;
b) O rosto é achatado;
c) Os olhos são salientes e ligeiramente rasgados, com uma dobra de pele no canto do olho;
d) As orelhas são pequenas, com o bordo superior sobrado e os canais auditivos estreitos;
e) A boca e os maxilares são pequenos, o palato é estreito, o que leva a criança a abrir a boca e pôr a língua de fora;
f) Os lábios são grossos, descaídos e a língua grossa, gretada e saliente. A dentição aparece mais tarde do que em crianças normais;
g) O nariz é pequeno, com a parte superior achatada e os orifícios nasais estreitos. O olfacto é quase nulo devido ao estado crónico de infecção das vias respiratórias;
h) O pescoço é curto e largo;
i) O tórax apresenta, no geral, uma saliência no externo ou ainda mais desenvolvido em casos de anomalias cardíacas congénitas;
j) As mãos, os pés e os dedos são grossos e curtos. O 5º dedo é muitas vezes curvado para dentro. Uma única dobra atravessa a palma da mão na maioria das crianças com Síndrome de Down. O pé é geralmente raso;
k) A pele da face e das mãos é ligeiramente arroxeada, seca, áspera, o que origina muita coceira na criança. No tempo frio tem tendência a gretar.
l) Em relação ao seu crescimento, devido a factores genéticos este processa-se mais lentamente, tendo estas crianças no geral, uma estatura mais baixa do que o normal.

Torna-se fundamentado que perante suspeita clínica, deve ser solicitado o estudo cromossómico-cariótipo.
Compete ao profissional de saúde transmitir o diagnóstico à família de forma cuidadosa e elucidativa sem esquecer de os motivar para a intervenção precoce.

2.6. Aspectos Psicológicos
2.6.1 - Desenvolvimento e funcionamento cognitivo
Relativamente ao desenvolvimento e funcionamento cognitivo das crianças com Síndrome de Down, por volta dos anos 70, iniciaram-se estudos multidisciplinares tendo em vista conseguir um maior conhecimento acerca do desenvolvimento cognitivo e motor, da vida sócio-afectiva e dos inerentes processos de desenvolvimento, subjacentes a estas crianças.
Segundo a Teoria Piagetiana, o desenvolvimento nas crianças deficientes mentais processa-se mais lentamente, acabando por estagnar num estádio inferior de organização cognitiva que, segundo Inhelder, passará a deficiência intelectual.
Várias investigações deram a conhecer a correspondência existente entre as características do desenvolvimento entre crianças com Síndrome de Down e crianças com desenvolvimento normal em áreas diversificadas. De acordo com Leitão (1994), diferenças entre crianças com Síndrome de Down e crianças normais em áreas tão diversas como a regulação dos estádios de consciência, o contacto visual, nomeadamente o olhar referencial, as vocalizações, as reacções afectivas como o choro, o sorriso e o medo, a comunicação gestual, a reactividade dos estímulos visuais e auditivos e os reflexos primitivos levaram à conclusão dos seguintes pontos: atrasos mais ou menos significativos, frequências mais baixas na ocorrência, períodos de tempo mais longos para integrarem e reagirem aos novos estímulos.
Num estudo de Miranda e Frantz (1973), acerca das potencialidades visuais em ambos os grupos, Sampedro, Blasco e Hernández concluíram que a criança com Síndrome de Down segue os passos normais de desenvolvimento, apesar de um certo atraso.
Dannefer e Permutter (1990), definem desenvolvimento como um processo multidimensional com constituintes individuais e sociais. Salientam a importância da conceptualização do meio, mais em termos dinâmicos do que em estáticos.
Cada vez mais, se entende que o meio e a criança não podem ser vistos como unidades isoladas, nem estáticas. Isto vai no sentido da valorização do meio e da sua referência, ou seja, a existência de bidireccionalidade nesta relação criança  meio, como é postulada nas teorias ecológicas e transaccionais, nas perspectivas actuais em intervenção precoce. A família é a principal protagonista na vida da criança antes de iniciar a idade escolar.
Em termos de memorização, alguns autores defendem que a criança com Síndrome de Down deve aprender certas tarefas, mas não dispõe de um mecanismo de estruturas mentais para os assimilar; orienta-se em princípio por imagens (situação concreta) e não por conceitos (situação abstracta).
Podem possuir uma boa memória no que respeita ao conhecimento elementar em tarefas simples, mas em termos de intervenção activa e espontânea para organização do material a memorizar, revelam-se menos capazes que as crianças normais.
A evolução do ser humano, a sua integração e autonomia pessoal e social dependem em grande parte da aquisição e evolução da linguagem. Em crianças com Síndrome de Down as dificuldades ao nível da linguagem assumem formas e graus diversos, o que origina problemas na comunicação.
Verifica-se um desajuste entre os níveis expressivo e compreensivo.
A nível expressivo, perturbações fonatórias (o que implica alterações do timbre de voz), dificuldades respiratórias (fraco controlo respiratório), problemas de audição (alguma perturbação auditiva), dificuldades articulatórias (malformação do palato, língua, dentes...), e ainda o tempo de latência de resposta prolongado, são aspectos considerados como responsáveis pela linguagem expressiva destas crianças.
Relativamente à compreensão, a criança com este tipo de síndrome, tem dificuldade, em efectuar operações mentais de abstracção, na capacidade de síntese, identificando-se a nível da organização do pensamento, da frase, na estruturação morfo-sintáctica. Apresentam assim, dificuldades de construção gramatical, perturbações da estruturação espácio-temporal, dificuldades em estabelecer relações entre experiências anteriores e uma situação nova, traduzindo-se nalguma falta de lógica em termos do seu discurso efectivo.
Em termos desenvolvimentais, a literatura, refere que as crianças com Síndrome de Down, evoluem através de padrões e sequências de desenvolvimento similares às que caracterizam a população normal. No entanto, estas crianças necessitam de mais tempo e, de oportunidades de exploração para poderem da forma mais adequada possível, cumprir as tarefas de desenvolvimento.

Marli Fiorentin disse...

Obrigada pela rica contribuição.

Anônimo disse...

Fiz a pouco tempo um curso com o título AUTISMO:INTERVENÇÃO PARA A INCLUSÃO, no qual pude perceber que a melhor escola para crianças com síndromes é a escola que seja inclusiva,que respeite seus limites e potencialidades e que valorize suas conquistas.A escola que respeita as diversidades. E a propósito esse curso está no site www.buzzero.com onde há também cursos gratuitos e sobre sindrome de down.

Normal é ser diferente.

Normal é ser diferente.